De importância histórica para o interior paulista, fórum regional trouxe importantes nomes para encontro em Guaíra
Com quatorze cidades presentes, o Centro Cultural de Guaíra recebeu uma iniciativa que, além de atualizar os debates sobre uma comunicação que se “arrasta” no interior paulista, lança novas bases de pensamento sobre a cultura de dizer e ouvir.
Integraram o 1º Fórum Regional de Comunicação (ForCom) representantes de Ariranha, Barretos, Colômbia, Guaíra, Jaboticabal, Monte Alto, Monte Azul Paulista, Miguelópolis, Pontal, Ribeirão Corrente, Ribeirão Preto, Rincão, Rio de Janeiro e São Carlos.
Sucesso de organização e representatividade de público, o ForCom aconteceu durante todo o sábado, 7 de junho, sob o tema “Cultura e Comunicação: os Desafios da Ética”.
Boa parte dos 200 pré-inscritos compareceu e, antes dos debates sobre a informação, ocorreu palestra sobre formação: trata-se do projeto Árvore de Livros, parceria da Fundação Palavra Mágica com o Consórcio Intermunicipal Culturando (CIC), que organizou o ForCom junto à prefeitura de Guaíra, sob a coordenação do diretor de Comunicação da cidade, Christian Sterchile.
Com a palavra, um dos articuladores do projeto, que prevê, nessa primeira fase, criação de bibliotecas virtuais em cidades consorciadas com acervo inicial de 1.000 livros: Galeno Amorim, escritor, jornalista e ex-presidente da Fundação Biblioteca Nacional.
Após a explanação sobre as bibliotecas digitais, foi lançado o primeiro passo junto ao CIC, a primeira entidade a instituir, junto ao projeto, essa nova modalidade de livro e leitura. As primeiras cidades que já estão com as bibliotecas ativadas são: Barretos, Casa Branca, Guaíra, Matão, Mirandópolis, Monte Alto, Ribeirão Corrente, Rincão, Serra Azul, Taquaritinga, Tupi Paulista, Vista Alegre do Alto e Cravinhos.
As demais também terão seus acessos franqueados nessa primeira fase, de mil livros, inteiramente gratuita às bibliotecas públicas cadastradas.
Foto: Felipe Lima/DireCom
Galeno Amorim lança as primeiras bibliotecas digitais do estado
Cifrão
Com a paródia shakesperiana “Publicar ou não Publicar? Eis o cifrão”, os jornalistas Helvio Tamoio (Rádio UFSCar, São Carlos) e Luiz Felipe Nunes (jornal Tempo, revista Culturando e CIC, Monte Alto) debateram o jornalismo local, com exemplos de vivência própria e processos jornalísticos em cidades do interior.
Além deles, participou o prefeito de Guaíra Sérgio de Mello, também presidente do Consórcio Culturando (CIC). Convidado pelos palestrantes, Sérgio comentou sobre os tempos de Diretor de Imprensa do Sindicato dos Bancários de Barretos e região, além da atual relação com os meios de comunicação da cidade.
“Não vejo problemas em criticar. Mas reprimir o espaço para o debate e muitas vezes para o fato em si, criando mentiras, é algo muito grave e anti-democrático”, destaca o prefeito.
“O fenômeno de meios de comunicação atuando como partidos políticos, impedindo a disputa pelo poder através das mídias é comum no Brasil e em qualquer cidade. Ouvindo uma rádio daqui, tive até medo de vir a Guaíra; de brincadeira, pois logo se vê quando a pauta é mal intencionada”, finaliza Luiz Felipe Nunes.
Foto: Felipe Lima/DireCom
Helvio Tamoio, Sérgio de Mello e Luiz Felipe Nunes: dinheiro e poder deixam
interesse da população de lado na comunicação
Palhaçada
Após o almoço, os palhaços Salgadinho e Pistolinha, do grupo Dalapagarapa, de Sertãozinho, arrancaram gargalhadas com “O Buraco”, despertando as pessoas para o que viria depois: quatro nomes importantes de comunicação e cultura debateram “Quem tem medo da ética?” e “Mídia Livre”.
Foto: Felipe Lima/DireCom
Pistolinha, um dos dois palhaços que arrancaram gargalhadas com “O Buraco”
Abrindo o debate, o blogueiro e editor da revista Fórum, Renato Rovai (SP), retomou o assunto sobre a importância das novas tecnologias como forma de superar a “velha” comunicação baseada em interesses e manipulação. Na sequência, tratando da importância da Cultura na formação das novas pessoas que produzem notícia, usou a palavra Fernando Kaxassa, fundador do mais antigo cineclube do Brasil, o Cauim (Ribeirão Preto) e um dos editores da revista “O Berro”, além de apresentar o programa “Boca Livre”, no Canal 20 de Ribeirão.
Abordando a comunicação digital e a superação de mediadores entre a notícia, a cultura e a população, o sociólogo e produtor Gustavo Anitelli citou o grupo que produz, “O Teatro Mágico”, como exemplo de atingir grande público via Internet, sem grandes gravadoras ou estruturas midiática.
Sobre as eleições, foi enfático: “ignorar a contradição de um candidato que usa cocaína e diz ser contra a legalização da maconha é hipocrisia e atraso promovido pelos antigos meios de comunicação”.
Por fim, realçando os elos entre comunicação e cultura falou o ator, diretor e militante cultural Sérgio Mamberti, que não escapou ao bordão de um de seus papéis de sucesso nacional, o Dr. Victor (Castelo Rá-Tim-Bum): “raios e trovões!”.
Foto: Felipe Lima/DireCom
Gustavo Anitelli (Teatro Mágico) comenta, acompanhado de Sérgio Mamberti,
Fernando Kaxassa (Cauim) e Renato Rovai (Fórum)
Agrados
A organização, em parceria com o Ponto de Leitura TeVeLê, da escritora barretense Sada Ali, presenteou os palestrantes com kits de obras literárias e didáticas de autores independentes do interior de SP.
A prefeitura de Guaíra enriqueceu o mimo, entregando obra que retrata a arte de Tomie Ohtake em cidades do mundo, chamado “Tomie Ohtake – Obras Públicas”; dentre as cidades no Brasil e no mundo, há a escultura a céu aberto no Parque Maracá, obra do paisagista Roberto Burle Marx, em Guaíra.
Foto: Felipe Lima/DireCom
Helvio Tamoio e Luiz Felipe Nunes (nas pontas) recebem mimos de Selma Mello
(primeira-dama de Guaíra), Sérgio Mello e da escritora Sada Ali (Pto. Leitura TeVeLê)
Ao final, a produtora contratada lançou clipe, com belas imagens sobre o Fórum de Comunicação, que deve retornar em 2015. VEJA AQUI. Pode ser visto em HD (selecionando na catraca no canto inferior direito da tela do vídeo).
“Atingimos o objetivo desta edição de estreia do ForCom: promover um debate sobre a importância da ética na produção, reprodução e consumo de informação e como sua ausência está afetando cada vez mais a qualidade do jornalismo, tanto em grandes centros metropolitanos como aqui no interior”, explica Cristian Sterchile, diretor de Comunicação da Prefeitura de Guaíra.
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